- Fernando Nakagawa, do Estado de S. Paulo
Venda
de passagens por companhias estrangeiras quase dobrou em dois anos
BRASÍLIA - Há
certo ar de fim de festa entre os turistas brasileiros. Com o dólar
a R$ 2, viagens para outros países ficaram mais caras e muita
gente tem pensado duas vezes antes de tirar o passaporte da gaveta.
Mas, se hoje o clima é de quase ressaca, há um grupo
que aproveitou bastante a recente festa do turismo internacional: as
companhias aéreas estrangeiras. A venda de passagens por
essas empresas quase dobrou em dois anos. Se fizessem parte da
balança comercial, as passagens já seriam o oitavo
item mais importado pelo Brasil.
O crescimento econômico e o aumento da
renda foram verdadeiros ímãs do mercado aéreo
do País. Com o reforço de rotas antigas e a abertura
de novas linhas sem reação à altura da
concorrência brasileira, os aviões estrangeiros
lotaram aeroportos brasileiros. Hoje, a cada cinco viajantes que
vão para a Europa, por exemplo, só um viaja em
empresa brasileira. Uma década atrás, a divisão
era mais equilibrada, quase meio a meio.
Basta olhar o movimento nos terminais para ver
que muita coisa mudou. Há uma década, a briga era
mais acirrada: estrangeiros e brasileiros disputavam passageiros
quase em pé de igualdade. Em 2000, por exemplo, aéreas
nacionais carregaram 43% dos passageiros que voaram entre o Brasil
e a Europa. Em 2011, a participação já era
menos da metade: 21,6%, segundo a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Para os EUA, a fatia das brasileiras diminuiu de 40%
para 31,5% no mesmo período.
Contas externas. Muito além da
concorrência, o movimento começa a gerar efeito até
nas contas externas. Dados do Banco Central mostram que, em 2011, a
conta para pagar bilhetes aéreos em estrangeiras alcançou
US$ 3,8 bilhões, novo recorde. O valor cresceu 30% na
comparação com 2010 e subiu 90% em dois anos. Desse
montante, US$ 2,04 bilhões foram pagos às empresas
dos Estados Unidos, o que torna o Brasil o quinto maior comprador
de passagens daquele país, atrás apenas do Japão,
Canadá, Reino Unido e México. Dez anos atrás,
o Brasil estava em sétimo. Ultrapassou a Alemanha e a França
nos últimos anos.
De janeiro a abril deste ano, os gastos
continuam elevados e US$ 1,2 bilhão já foi gasto em
quatro meses. Esses valores, vale lembrar, não fazem parte
da chamada conta de "viagens internacionais". São
contabilizados separadamente.
Opções. "Os números
são impressionantes e mostram a mudança na
regulamentação do mercado e a saudável opção
das empresas brasileiras de operar apenas nas rotas que têm
sentido comercial, que dão lucro", diz Gustavo Murad,
gerente da Amadeus, empresa que administra sistemas de reserva e
venda de passagens para grandes aéreas do mundo.
Um executivo do setor que pede para não
ser identificado diz que a queda das brasileiras é resultado
de uma opção do governo. Segundo ele, houve forte
desregulamentação nos últimos anos, com o
término da imposição de preços e o
gradual fim dos controles de mercado - itens que ajudavam as
nacionais.
"Desde o início dos anos 2000,
especialmente nos últimos anos, o governo optou por liberar
os voos, com preços livres e liberdade na criação
de linhas entre o Brasil e os Estados Unidos e Europa. Essa
política de ‘abertura dos céus’ foi nefasta para
a aviação brasileira", diz o executivo.
Comentário:
Existem também
outras razoes para o crescimento das empresas estrangeiras;
-Falta total de
qualidade dos serviços prestados pelas companhias nacionais.
-Desconfiança
dos usuários em relação a uma empresa que adota
a filosofia “lucro acima de tudo”
-Ineficiência de
órgãos responsáveis por fiscalização
e regulamentação
-And so on......
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