sexta-feira, 6 de maio de 2011
AEROPORTOS DO BRASIL, Exemplo de incompetência do estado
A Presidente da República, Sra. Rousseff “gerentona” do PAC no governo anterior, funções acumuladas com as do ministério mais importante no triste (des)governo do Sr. da Silva, não só está impossibilitada de dizer que recebeu uma herança maldita de seu antecessor como se vê obrigada a tomar algumas decisões extremamente difíceis .
Em meu modesto pensar, já começou a fazer besteira, o que não condiz com sua fama de boa administradora.
No que considero ser um ponto nevrálgico para as obrigações assumidas pelo País, a situação dos principais aeroportos brasileiros, e me valho do parecer arrasador de um órgão governamental, o IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada): nenhum dos aeroportos brasileiros está em condições de atender à demanda que haverá por ocasião da Copa de 2014 e, o que é mais grave, nenhum ficará em condições até maio/junho de 2014 !
Desnecessário salientar que todos eles, sem exceções, são administrados integralmente pela Infraero, empresa estatal.
E agora o aspecto mais aterrador, que jamais havia visto em minha já não tão curta vida: a Sra. Rousseff, talvez querendo ser salomônica, decidiu conceder à iniciativa privada a obrigação de construir o que falta nos principais aeroportos para que fiquem em condições de suportar o tráfego gerado pela Copa-2014; essa empresa ou consórcio assumirá a responsabilidade pelo gerenciamento e pela administração da parte do aeroporto que tiver sido por ela ampliada.
O que existe atualmente continuará a ser gerido pela Infraero !
Será que alguém já pensou como isso poderia funcionar ?
Note-se: o que será construído será a ampliação (certamente com facilidades mais modernas) dos aeroportos, e não novas instalações que se integrem às atuais formando um todo harmônico.
Desde logo me veio à cabeça aquela muito antiga pergunta: existe meia gravidez ?
Até é possível que as empresas mais importantes tenham – e administrem, seus próprios terminais; isso existe há muito tempo no Aeroporto Kennedy, em Nova York. Será que nossas empresas teriam recursos para isso ?
Mas o conjunto, como um todo, só pode ser administrado por um órgão. De outra forma, instalar-se-ia o caos. Por que ?
Imagine-se uma situação em que dois aviões, quase simultaneamente, pedirem autorização para pousar. Quem determinará a preferência ?
O mesmo pode ocorrer em caso de decolagens.
Na realidade e em minha opinião, o correto seria entregar a operação aéreo-portuária integralmente a empresas privadas, já que ficou mais do que provado que a Infraero é, e sempre foi, um antro de corrupção. Deve pagar belos salários a seus administradores (sempre egressos de partidos políticos) que, por piores e mais ineficientes que sejam, ficam “grudados” a seus cargos.
E como a ANAC, agência reguladora que deveria ser a responsável pela regulação e controle do setor aéreo jamais fez qualquer coisa (exceto, talvez, a construção de vistoso edifício junto ao aeroporto de Porto Alegre) que preste, o realmente certo seria começar tudo de novo; do marco zero.
Mas, aparentemente, a Sra. Presidente não se sentiu poderosa o suficiente para tomar uma decisão tão radical ! Ou estarei errado, e existe meia gravidez ?
É de se prever que a vida da Sra. Presidente seja cada vez mais infernizada pela política.
Seu próprio atual partido não mais deverá apoiá-la como vinha fazendo e seria de esperar. Isso porque o novo presidente do PT é sombra do Sr. José Dirceu, que não tem o menor interesse em facilitar as coisas para a Sra. Presidente, que o sucedeu no cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil.
Como todos se lembrarão, quem realmente então mandava no PT era o Sr. Dirceu, o “Ali Babá” que chefiava os 37 ladrões (pena que não completaram os 40, para ficarem idênticos aos da estória...).
E certamente a eminência parda (agora nem tão parda) do PT é, novamente, o Sr. Dirceu.
Aliás, seria muito saudável se a Sra. Rousseff, ao mesmo tempo em que resolver esse problema, decida-se por adiar “sine die” a idéia de construir uma linha para um trem-bala para o percurso Rio/S.Paulo/Campinas, por enquanto orçado em mais de trinta bilhões de reais, mas que certamente chegará a algo próximo de cinqüenta bilhões.
O Brasil não tem, definitivamente, recursos para tanto. E mesmo que um super-consórcio de empresas resolva assumir o custo, penso que o Brasil tem prioridades maiores e mais importantes com a saúde, instrução/educação, rodovias, portos, etc.
Além disso, se os atuais três aeroportos da Grande S. Paulo (Guarulhos, Viracopos e Congonhas) forem corretamente ampliados/adaptados e usados, não será necessário que exista um trem-bala.
Aliás, e para terminar, se a Presidente Rousseff conseguir que a corrupção neste País diminua para a metade do que é atualmente, já será uma vitória monumental.
E se, ao mesmo tempo, conseguir liderar uma reforma política que realmente tenha significado, sem ser apenas cosmética, terá meu voto na eleição de 2014 !!!!
Autor:
Peter Wilm Rosenfeld
pwrosen@uol.com.br
Porto Alegre (RS), 04 de maio de 2011
foto:Folha de SP
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