quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MUITO ATUAL (Parte dois de dois)






Eu como piloto de linha aérea digo sem exagero que voar no Brasil hoje é como estarmos voando numa espécie de alerta amarelo. Outro acidente está bem próximo de acontecer. Ao decolar não significa que temos a certeza de pousar no destino nem no aeroporto de alternativa. Outro dia cinco aeroportos estavam literalmente fechados por falta de pátio; Confins, Galeão, Vitoria, Guarulhos e Campinas. Você tem que decolar de Brasília para São Paulo com combustível suficiente para alternar Salvador.

Isso irá tornar a aviação brasileira inviável, sem mencionar a venda de nossas companhias aéreas para países vizinhos, em decorrência das altas taxas de impostos sobre as mesmas, que por isso, para sobreviverem no mercado, submetem-se a parcerias miraculosas inclusive mudando a sede da empresa para países vizinhos para se livrar dos impostos absurdos daqui, ou seja, irão agora pagar impostos em outro país... Por que será? Porque aqui não há incentivo. Falta de estrutura e falta de lucidez, isso que eu chamo de “Entregar a Soberania Nacional".

Soberania não é somente colocar soldados militares nas fronteiras. O País nunca foi tão próspero, problema é que nossos governantes ganham eleições por saberem aparecer e ainda têm mentalidade medíocre. São vendidos. Basta colocar dólares na mão ou falar com um pouco de sotaque que eles entregam tudo.

Voei muito na Amazônia e garanto que depois que aquilo virar um deserto ninguém mais vai querer assumir. O desmatamento está na razão é de um campo de futebol por segundo.

Hoje só fazem hidrelétricas por causa do apagão de 2002. Esses apagões na aviação irão se repetir pelos próximos 20 anos. E lembre-se que a Copa do Mundo e as Olimpíadas serão em época de nevoeiro.

A Infraero já arrumou duas soluções; tirar os bancos de suas "Rodoviárias" para dar mais espaço para os passageiros ficarem em pé, e liberar internet Wi-Fi de graça como se fosse um "cala-boca" para seus usuários.

Hoje a aviação brasileira é realmente uma surpresa diferente a cada dia, "a mess", (uma bagunça), como definiu um piloto europeu esses dias atrás, e garanto a vocês que ser pego de surpresa na aviação tem consequências trágicas.

Solução: primeiro de tudo é: Os políticos começarem a pensar como governantes desenvolvidos pensam ou, como disse o Raul Seixas: a solução é alugar o Brasil.

Nos EUA, Europa e Ásia constroem um aeroporto para atender uma demanda que só terá daqui 20 ou 30 anos e com pátio suficiente para estacionar mais de 100 aviões de grande porte juntos. Isso é bem diferente dos puxadinhos brasileiros que não dão conta nem da demanda atual.

Enquanto você lê esse e-mail, na Índia estão sendo construídos mais de 10 aeroportos maiores do que o de Guarulhos. Na China são mais de 70 sendo construídos e os 3 países: China, Brasil e India fazem parte do mesmo grupo chamado "BRIC", que ainda incluem Rússia e África do Sul.. Parece que só o Brasil ainda não acordou entre esses cinco.

Já é um absurdo os aeroportos brasileiros não terem metrôs. Os estrangeiros, quando chegam aqui e não veem metrôs nos aeroportos, acham que é uma piada até entenderem que não existe mesmo. Em qualquer aeroporto no estrangeiro tem metrô.

Que país é esse? O brasileiro se compara muito aos EUA, porém o povo americano sabe exigir de seus governantes, por isso o governo não espera ser pressionado pra poder começar a fazer algo.

O povo brasileiro só sabe reclamar. Só não sabe reclamar para a pessoa certa, ou orgão "competente" certo. Reclama pro vizinho e pro amigo, mas quase ninguém entra no site do Senado ou da Câmara dos deputados pra enviar e-mail para reclamar do seu político ou pelo menos para saberem o que eles estão fazendo.

É muito fácil ir aos Estados Unidos passear, fazer compras e voltar falando que lá é o máximo e aqui é o fim do mundo. De fato são décadas de atraso, porém lá o povo é mais consciente com relação ao que seus políticos estão fazendo com o dinheiro público e a burocracia no país deles praticamente inexiste se comparado ao nosso.

No Brasil a ANAC leva 30 dias para emitir uma carteira de aeronauta, gerando assim uma queda no salário dos pilotos e comissários e prejuízo também para os empregadores. Quem vai pagar essa conta? A Anac? O Governo Federal? Nos EUA a mesma carteira é emitida em apenas uma hora pela FAA. Sem deixar de lembrar que no Brasil a ANAC administra um universo de 20 mil pilotos comerciais enquanto os EUA são mais de 600 mil.

Nos EUA poucos empregos no setor público têm estabilidade, talvez seja por isso que o funcionário público trabalha mais, tem mais eficiência, trabalha em função do próximo, pede desculpa se atrasou e o trata bem o contribuinte, mesmo que seja um latino-americano. No mais...

Boa sorte a todos e que Deus nos proteja!

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Texto muito verdadeiro, concordo com o autor. Adilar

Autoria desconhecida, repassado por Peter Lessmann

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