domingo, 7 de novembro de 2010
Brasil precisa formar 100 pilotos a mais por ano para atender à demanda
Por trás das panes aéreas de 2010 está o déficit no setor, que aumenta com a saída de profissionais para outros países emergentes
07 de novembro de 2010 | 0h 00
Nataly Costa - O Estado de S.Paulo
Em 2010, duas panes aéreas por falta de tripulação revelaram o fantasma da aviação comercial: vai faltar piloto no País. Desde 2008, licenças emitidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para piloto de linha aérea caíram quase pela metade. Mas o transporte aéreo cresceu 27% em um ano. Em jogo, está a segurança do passageiro, já que a urgência de mão de obra força empresas a contratar profissionais com menos experiência, dizem especialistas.
A grande dificuldade do setor, segundo a própria Anac, é o alto custo da formação e a debandada dos pilotos para outros mercados emergentes, como Ásia e Oriente Médio. Só na Emirates, que tem sede em Dubai, mais de cem pilotos são brasileiros.
Coincidentemente, é o mesmo número de profissionais que vai faltar anualmente para o mercado nacional. "Pelo menos até a Copa de 2014, vamos precisar de no mínimo cem pilotos a mais por ano além do que temos hoje, em uma estimativa bastante conservadora", afirma o superintendente de Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas da Anac, Paulo Henrique de Noronha. "Se a aviação crescer 25% até 2014, vai faltar piloto, sim. E pode ser pior, pode crescer 50%."
Frota. Com o brasileiro viajando cada vez mais - os aeroportos da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) ganharam 20 milhões de passageiros em um ano -, empresas investem em novas rotas e aeronaves, o que demanda mais tripulação. Pelo menos 40 novos aviões foram incorporados às frotas das quatro maiores companhias do Brasil até setembro - TAM, Gol, Azul e Webjet.
Pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, isso implicaria em no mínimo 200 novos pilotos, cinco para cada aeronave. A Anac emitiu apenas 192 licenças PLA (piloto de linha aérea) de janeiro a julho deste ano.
"Autoescola". A necessidade de mão de obra esbarra no processo de formação de um piloto, que não é simples. "Demora, é cara e ele não entra na empresa do dia para a noite, precisa de experiência. Em certo ponto, é até uma atividade elitista", explica o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), comandante Ronaldo Jenkins.
"É como uma autoescola, porque ele tem de pagar pelas aulas práticas. E a hora de voo custa hoje, em média, R$ 350", explica Mário Renó, dono da escola de aviação TAS, em São José dos Campos. "A Força Aérea Brasileira já foi responsável por suprir o mercado, hoje não mais. Depois vieram as escolas das empresas, como Varig e Vasp, que eram ótimas e forneciam gente para todo o mercado. Agora é por conta dos aeroclubes", explica.
"Por baixo dos panos, sabemos que tem empresa contratando profissionais com experiência bem baixa", conta Paulo Eduardo Santos, piloto de companhia aérea há 12 anos. "Se por um lado ajuda quem está em formação, por outro prejudica a segurança do passageiro."
"Antes, ninguém entrava com menos de 4 mil horas de voo. Hoje, você já contrata piloto com mil horas", diz Jenkins.
Comentario:
A falta de pilotos é uma realidade mundial, porem aqui no Brasil o problema e pior principalmente por culpa da próprias empresas que quase nada investem em formação e treinamento, alem disto as condições de trabalho são estressantes: excesso de horas, salário abaixo da média mundial, pressão para trabalharem em condições marginais de segurança, planos de carreira inadequados ou inexistentes,entre outros.
As empresas e a Anac deveriam fazer uma pergunta a os cerca de mil pilotos Brasileiros oriundos da Varig Vasp e Transbrasil que estão no exterior para saber porque preferiram sair do pais à voar nas atuais empresas aéreas nacionais, com certeza teriam uma surpresa em verificar que o item salário não será a resposta predominante.
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