PERCY RODRIGUES
A excelente matéria elaborada pelo jornalista
Roberto Kaz na Revista O Globo (http://cnj1.myclipp.inf.br/default.asp?smenu=ultimas&dtlh=8324&iABA=Not%EDcias&exp=)
com o título “Sem plano de voo”, certamente, mexeu com o emocional dos ex-funcionários da extinta Varig.
Em estilo literário bastante ousado, de linguagem permeada pela função poética, o autor esbanja metáforas, símiles e outras figuras , para descrever como foram os últimos dias da frota de Boeing 727-100 da Varig, apodrecida em áreas remotas do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.
O fato não provocaria maiores emoções se, em cada retalho de parte do que foi a maior frota de aeronaves do país, não contivesse a história de milhares de aeroviários e aeronautas, ex-funcionários da chamada Pioneira: os desempregados, sem receber até hoje suas indenizações, os aposentados, em estado de penúria em razão do calote provocado pela intervenção predatória no fundo de pensão Aerus, determinado, intempestivamente, pelo governo federal.
Evidentemente, não se deve esperar que a Justiça faça com seres humanos o que deliberou fazer com carcaças de velhas aeronaves, deterioradas ao limite pela paralisação das operações da grande aérea, que interrompeu também o sustento e sonhos de milhares de famílias brasileiras.
Desaparece o cenário de abandono da sucata dos bens materiais, mas permanece inalterado o purgatório de almas prejudicadas pela insensatez das autoridades, vivendo a expensas de amigos e parentes, muitos portadores de doenças físicas e psicossomáticas.
Contudo, ainda há tempo para corrigir tamanha tragédia social. Adormece nas prateleiras do Tribunal Superior de Justiça, ação indenizatória, promovida pelas empresas participantes do Aerus, de perdas tarifárias provocadas por política de congelamento de preços em governos anteriores, considerada procedente nas várias instâncias da justiça federal, mas que nossos magistrados recusam-se a autorizar o cumprimento, sem nenhum fundamento legal, certamente, por razões políticas. Parte do valor da indenização, por determinação do juiz que patrocinou a recuperação judicial da Varig, será destinada ao Aerus, para dar sobrevida às pensões dos assistidos.
Espera-se, assim, que brasileiros que contribuíram durante anos para o fundo, em busca de vida digna na aposentadoria, não tenham o mesmo destino das carcaças dos Boeing 727-100.
Comentário:Dói, dói muito ver a situação atual dos profissionais que fizeram a aviação aqui no Brasil, tambem é doloroso ver estas maquinas maravilhosas virar “panela”. Reproduzo o texto que esta no livro 27 anos um mês e 14 dias de minha autoria, que acontecia no Boeing 727 quando efetuávamos voos cargueiros nas madrugadas. “Segundo os entendidos os melhores locais para observar a enorme quantidade de estrelas presentes no universo é longe dos grandes centros urbanos onde a poluição atmosférica e luminosa é muito pequena, eles, os entendidos estão enganados. Quando voando á noite em altitudes superiores a quarenta mil pés (+-12000m) e com ótimas condições de visibilidade, eventualmente desligamos todas as luzes na cabine de comando ficando totalmente as escuras, quando a vista se adapta a falta total de luz a quantidade de estrelas que se avista e pelo menos três vezes maior que em qualquer dos melhores pontos de observação em terra, porem sem duvida a sensação mais fantástica e a estarmos voando entre elas, pois mesmo olhando para baixo somente estrelas são vistas, é como se o planeta não existisse, isto ocorre devido á curvatura da terra e também pela posição das janelas na cabine.”